domingo, 4 de setembro de 2011

2.5: O ano em que virei adulto


Colando grau em História pela UFSC

Como de costume ao somar mais um número em minha cronológica linha da vida, faço uma pequena e singela reflexão escrita sobre como foi o ano que passou, para quando estiver mais velho (bem mais) e minha memória já não tiver condições de sequenciar fatos e acontecimentos importantes, buscarei esses arquivos e textos, mantendo sempre um gancho com meu próprio passado.
Lógico que aos 60 e 70 tudo isso (caso ainda existe) será lido de uma forma muito mais romântica que hoje escrevo, mas ainda sim, servirá de ancora para minhas recordações.

Pois bem, os 25 anos:
Esse definitivamente foi o ano em que eu virei adulto, não vejo outra definição para esse ano que não essa. É bem provável que em dois ou mais anos eu me ache um tolo por considerar esse o ano adulto, mas hoje tenho reais motivos para acreditar que foi aos vinte e cinco anos de idade que fiz a passagem da vida jovem para a adulta.
Por exemplo, aos vinte e cinco anos eu me formei. (Foi ao vinte e seis na verdade, mas não conta, pois foi somente cinco dias depois de meu aniversário.) Foi aos vinte e cinco que entrei no cansativo processo da monografia, processo esse que tive pouca ou quase nenhuma orientação daquela que deveria me orientar, a não ser no primeiro encontro quando ela assinou o documento oficializando a orientação e no ultimo encontro minutos antes da apresentação perante a banca. Ou seja, li muitos livros, mais que deveria para uma monografia, mas o resultado final foram 120 páginas escritas e ilustradas e um 9,5 extremamente satisfatório.
Mas antes mesmo disso, percebi que estava em processo de transição, quando perdi totalmente o gosto pelas festas universitárias, normalmente composta por pessoas bêbadas e cerveja ruim e barata, mas muito divertidas. Festas essas que anos antes, somado ao Restaurante Universitário e a aulas de alguns professores específicos era o principal motivo de não querer sair da universidade nunca. Cada vez mais eu preferia beber menos cerveja ruim, ter menos barulho, conversar em voz mais baixa, resumindo, ficando velho.
Outro fator que contribuiu e muito para minha transição foi minha namorada, primeiro o fato de começar a namorar e sério, nada de “to contigo, mas to por aí”. Sério mesmo, de sairmos em casal para ver filmes suecos de casais homossexuais com problemas para adotar um jovem e depois ir a pizzaria conversar sobre filmes, artes e história.
A relação ficou tão séria que quando percebi estava lavando minhas roupas na casa dela e separando as minhas meias das dela. A mudança da vida de solteiro farreiro para namorado caseiro foi gradual e saudável, tanto que não sinto falta hoje da farra e durmo feliz ao lado dela todos os dias. Meus programas mudaram, são geralmente pizzas, sushis, cinemas, teatros, pipoca (e muita pipoca) com DVDs debaixo das cobertas. Alguns programas foram somados com a presença dela, como passear com o Thor aos domingos pela beira mar ou ir escalar nas sextas-feiras à noite.
Outro fator que contribuiu e muito para minha transição foi o número de aulas e turmas (e conseqüentemente provas e trabalhos) ter aumentando exponencialmente. Sou agora oficialmente um professor de História, formado pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente trabalho em três escolas, duas dessas extremamente conceituadas aqui em Florianópolis.
O aumento de turmas gera também o aumento salarial, o que é maravilhoso e fundamental para a transição, pois quando estudante, eu sempre estava lascado por não ter grana, segurando daqui, apertando dali, comia e jantava no RU para ter mais grana no fim do mês e por aí ia. Agora com o maior salário, posso me dar ao luxo de sair sem me preocupar tanto, lógico que estou longe de nunca mais me preocupar com dinheiro, afinal, não ganhei na mega-sena ainda. Mas que agora as coisas estão bem mais aliviadas, ah estão!
Alguns sonhos da juventude não mudaram, mas agora posso pensar realmente em fazer a minha viagem e ir a Cuba e depois descer pela América Latina de moto, jipe, mula... 
Ah sim, foi aos vinte e cinco que nasceram meus primeiros cabelos e barbas brancas, o que sinceramente achei muito injusto de minha genética, pois minha barba ainda é falha e cheia de defeitos como a de um garoto, mas já apresenta fios brancos e loiros (potencialmente brancos e alguns anos). Quanto ao meu cabelo, a calvície genética também se manifestou mais aos 2.5, também não curti muito, ainda tenho muito apego a minha antiga juba de leão.
Mas o pior mesmo foi o rápido desenvolvimento de uma barriguinha. Lesionei o ombro escalando no início do ano e tive de parar de treinar tudo por pelo menos oito meses, fora que ao final da fisioterapia, acupuntura e reza brava para curar tal ombro, entrei na temporada TCC e me afundei em livros, café, chocolate e cobertores, só parando para trabalhar, namorar um pouco e dormir (as vezes).  Logo, meu corpo ganhou alguns bons Kgs (oito ao total) e desenvolvi uma localizada barriga. Barriga essa que estou me esforçando para perdê-la novamente, pois voltei a treinar (bem leve) e agora com uma companheira o que deixa o treino ainda melhor.
Bom, prova máxima da saída de minha vida universitária jovem para a adulta é que ontem fui a uma festa, jantar de aniversário de minha coordenadora. De lá, voltei não eram nem meia noite e agora tenho de me arrumar para almoçar em um domingo com meu sogro e sogra.

Mas sabe que eu to feliz assim, sendo adulto!

domingo, 28 de agosto de 2011

Discurso da Formatura de História UFSC


Boa noite a todos os presentes, autoridades e colegas...
Em primeiro lugar, queremos agradecer àqueles que, de alguma forma, sempre estiveram ao nosso lado durante essa caminhada e que fizeram dos nossos os seus objetivos. Esta alegria hoje comemorada, devemos a vocês, pais, que não mediram esforços para que isso tudo se tornasse possível.
Nós duas que estamos aqui nesta Tribuna permanecemos por alguns boooons anos nesta Universidade...
Assistimos a várias formaturas... de História, dos nossos colegas das Ciências Humanas, e também de outros cursos dos mais diversos centros.
Passamos a graduação desnaturalizando as comemorações e as cerimônias, e analisando os discursos. E agora, estamos aqui seguindo esse mesmo padrão...
O conceito de formatura muito semelhante ao termo latino, se aproxima muito do significado de padronização.
“Formatura” tem parentesco com as palavras “formatar”, “formatado”, /fôrma/..
Então, se você está se formando hoje pode significar que você entrou na /fôrma/, foi formatado...
Falando em formatação, já aviso aos colegas que ainda não fizeram o TCC que agora o tamanho não é mais o do papel A4... agora o TCC tem que caber em papel A5... segundo as indicações da biblioteca universitária.
Formatar é, portanto, padronizar! Talvez por isso tantos alunos geniais abandonem os mais diversos cursos de graduação... quem sabe eles sejam grandes demais para caber em uma forminha...
Nós, apesar de nos sentirmos ‘formatados’ nesta roupinha padronizada, estamos contentes de estar aqui falando o que pensamos ...
Estaríamos equivocados se falássemos sobre as noites em claro que os alunos desta turma passaram estudando para as provas, ou qualquer coisa desse blá blá blá padronizado. Ou, ainda, se inventássemos ou forjássemos tradições para esta turma, só para agradar aos ouvidos de todos os presentes.
Aliás, aproveitamos para falar que aqui não temos uma turma e sim 17 alunos soltos que se conheceram apenas de vista ou ficaram amigos nas festas ou nos bares. Apesar disso, estamos cientes de que seremos futuros colegas de profissão e possivelmente poderemos nos esbarrar em diversas situações.
O fato é que, por conta da diversidade não contemplada nas cerimônias de formatura, muitos alunos do curso de História não participam desse tipo de evento.
Fica, nesse sentido, a reflexão do por que será que tantos alunos abdicam deste momento e decidem colar grau em gabinete...
Apesar de toda nossa crítica, estar aqui hoje representa um privilégio.
Primeiro, o de termos entrando em uma Universidade.
Segundo, o de termos estudado em uma Universidade Pública.
E, terceiro, o de termos conseguido nos ‘formar’ nesta universidade.
Ser um privilegiado significa que você tem algo que a maioria das pessoas não têm: o acesso ao ensino superior público e gratuito. Então, será que podemos ter a alegria plena desse privilégio?
O curso de História nos fez ter a noção de que não podemos nos contentar em passar a vida reclamando do problema educacional deste país, mas sim que devemos arregaçar as mangas e fazer algo de concreto no sentido de modificar esta realidade, mesmo que isso signifique abdicar de um futuro farto e confortável.
Por isso, senhores pais, por favor, não lamentem que a carreira de seus filhos não aponte para um futuro materialmente farto.
Senhores professores, magnífico reitor, por favor, não utilizem o tempo de seus discursos para procurar alternativas para a pobreza que aparentemente bate à nossa porta.
Amigos de outras áreas, não nos olhem com pena...
Há entre os alunos de História pessoas que renunciaram a empregos públicos, pessoas que abandonaram cursos de Direito e até mesmo de Engenharia...
Não somos coitados. Abdicamos das tais “melhores opções” pelo desejo sincero e verdadeiro de fazermos o curso e nos tornarmos professores ou pesquisadores de História. 
Além disso, pelo fato de que, acima de tudo, acreditamos em uma educação pública e de qualidade, sem enchermos a boca para falar neste discurso.
Pois, mesmo sabendo de todos os problemas pelos quais um professor passa em sua profissão, ainda assim escolhemos esse ofício.
O fato é que hoje é um dia de muita alegria. É um momento muito esperado e significativo para quem teve a perseverança de passar 4, 5, 6 ou mais anos dentro desta universidade, insistindo neste diploma.
Por isso, pedimos a todos os presentes que entendam que algumas pessoas têm a compreensão de que a felicidade não é diretamente proporcional ao tamanho da conta bancária.
Somos extremamente críticos e reflexivos, por isso peço em nome de todos os estudantes de história, não nos meçam com vossa régua, não nos pesem com vossa balança. Conhecemos bem as amarras desse sistema opressor, autoritário e desumano. Nosso sistema de pesos e medidas é outro. Temos outros valores.
Somos historiadores! E estamos muito contentes com isso!!!

Pelas colegas Denize Gonzaga Santo e Eloisa Rosalen

sábado, 9 de julho de 2011

Agradecimentos da monografia

Sei que não são todos que poderão ler ou comparecer a defesa nesta quarta feira (13.07) por isso, gostaria de deixar aqui registrado os agradecimentos feitos na monografia.

AGRADECIMENTOS 

Agradeço inicialmente à minha família, Sobreira, Vailati e Padilha, pois, é devido à educação e orientação que eles me deram ao longo da vida que escolhi seguir em busca de meus próprios sonhos e desejos, os quais estão se materializando também com o encerramento dessa etapa.

Agradeço especialmente meu pai Jorge Luiz Vailati, que sempre me incentivou, emocional e economicamente, a seguir meu próprio caminho, mostrando que a simplicidade e humildade devem sempre ser a base para todo conhecimento e produção.

Agradeço ao meu avô Paulo Sobreira por suas colaborações e correções a este trabalho, assim como o financiamento para os livros que tanto são necessários. Agradeço-o por seu apoio incondicional, mesmo que tenhamos visões diferentes sobre vários aspectos da vida.

Agradeço a minha namorada e companheira Marina Monteiro, que dedicou suas (e nossas) horas corrigindo, formatando e, principalmente, me incentivando no cansativo processo que é o desenvolvimento de uma monografia. Agradeço-a por todos os beijos e puxões de orelha necessários para a continuidade deste trabalho.

Agradeço ao meu pai (emprestado) Alexandre Augusto Padilha, que mesmo com os laços documentais rompidos, continua abraçando-me como a um filho e dando-me carinho, casa e socorro sempre que necessário.

Agradeço a minha mãe Ana Patrícia Sobreira por ser esse ser único sempre pronto para me dar carinho, mesmo que através de demoradas ligações interurbanas ou nos poucos momentos em que passamos juntos.

Agradeço a família Monteiro por ter me abrigado durante o processo de pesquisa e escrita desta monografia, dando-me conforto e acomodações suficientes para que eu pudesse trabalhar tranquilamente. 

Agradeço a meus amigos de Brasília, os irmão negos Sergio Azul Caetano e Fabricio Mattos, além de Flávia Toscano e Polyanna Peres, por sempre acreditarem em mim e me apoiarem em qualquer decisão, mesmo que essas tenham nos deixado Kms de distancia física.
Agradeço aos meus companheiros de república, Greg Gianelli e André Parachen que demonstraram que amizades e companheirismo, mesmo que dotados de muitas diferenças pessoais, são os elementos essenciais para a manutenção de um lar e convívio em grupo, além do fortalecimento de amizades (espero) duradouras.

Agradeço ao mestre (quase doutor) Alfredo Ricardo, o Kado por todos seus conselhos e ensinamentos e, principalmente por mostrar que um espírito jovem e determinado pode se alcançar seus objetivos com dignidade.

Agradeço ao amigo e pedagogo Fábio Will, por seus conselhos na difícil arte de lecionar! 

Agradeço a todos os (não mais) calouros, especialmente os amigos André Vinicius Carrinho, Thomá Farines, Paola Rosa e Suellen Lemonje que tornaram a minha graduação um momento de ótimas memórias e digna de muitas saudades.

Agradeço especialmente a amiga Giovanna Calabria, que sempre esteve ao meu lado, fosse o lugar ou enrascada em que estivéssemos.

Agradeço ainda a turma 2006.1, minha turma de origem neste curso, que através das muitas diferenças e peculiaridades me ensinou sobre as relações humanas.

Especialmente, agradeço a amiga Pamella Liz por todos os abraços e insultos carinhosos que trocamos ao longo do curso.

Agradeço também as amigas Elis Marina e Livia Neves por todo o apoio emocional durante esta etapa final de minha graduação.

Agradeço a minha coordenadora Scheila Nascimento e minha chefe Marisa por ter acreditado em meu trabalho desde o primeiro momento.

Agradeço a minha orientadora Claricia Otto que aceitou o desafio de me orientar, mesmo quando tudo indicava que não o devia fazer.

Agradeço aos professores Paulo Pinheiro, Joana Pedro, Renata Sigolo, Maria de Fátima Piazza por todo o conhecimento dividido e por ensinar que humildade e conhecimento caminham lado a lado.

Agradeço aos meus alunos, por todo o seu carinho e compreensão, mas principalmente por inspirarem esta pesquisa.

Agradeço a meu cachorro e companheiro Thor, fiel e estabanado boxer, que sempre me ouve e está disposto a longas corridas pela Beira-mar em momentos de alívio de stress do trabalho.

Não foi minha intenção deixar de listar aqui nenhum nome de meus entes e pessoas queridas, para isso, precisaria bem mais que as 126 páginas aqui presentes, por isso, agradeço a todos e todas que de alguma forma influenciaram a minha vida para que este momento em especial pudesse se realizar.

A todos, o meu muito obrigado!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Beije


The Kiss por Romero BritoBeije
Beije
Beije por vontade, vaidade ou mesmo necessidade
Beijo por tesão ou insatisfação
Beije seu pai, seu namorado ou a um total estranho
Até mesmo seu cachorro, beije-o, mas depois limpe a baba
Beije alguém do seu passado,
Beije alguém do seu presente
Beije alguém (que depois desse beijo), com certeza estará no seu futuro.
Roubado, ganhado, ou dado
Beijo é sempre bom
The Coppers por Banksy
Ainda mais quando é acompanhado de um abraço e um cheirinho.
Dê um beijo pela sua saudade
Receba um beijo de bom dia e vai trabalhar amor
Receba um beijo de um beija-flor, que lhe invade a casa e parte a voar,
Pois esse beijo é de alguém que morre de saudade docê
Receba um beijo cheio de cores ao estilo Liechtenstein
Ou ainda mais colorido como o de Brito
Receba beijos de uma rosa de Seal
Ou como Chico, um beijo de hortelã para acordar
E um de café esperando para o jantar
Dê um beijo marginal, pregado a paredes como os de Banksy
Ou em pequenos pedaços como Klimt
Pode até ser um beijo de macarrão com a sua dama
Ou um beijo do gordo ao final da noite.

Beije sem se preocupar.
O rosto, a boca ou onde sua imaginação mandar
The Kiss por Roy Lichtenstein
Beije por beijar,
Beije por amar
Beije por não ter absolutamente nada pra fazer
Beije de “é, por que não?”
Bitoca, selinho ou beijão
Beije sem moderação.
Agora com licença, que eu vou ali beijar






segunda-feira, 4 de abril de 2011

De olho no futuro

No ultimo fim de semana foi lançado nas ruas da capital catarinense o mais novo modelo da mais alta tecnologia militar desenvolvida para a indústria automobilística.
Produzido pelo Centro de Tecnologias da Universidade Federal de Santa Catarina, em parceria com a fundação nature survive, o carro anfíbio é a mais nova alternativa para os processos catastróficos ambientais atuais.
Projetado para andar em todo tipo de solo, o carro anfíbio resiste a enchentes urbanas muito comuns nas cidades de São Paulo, Rio e Brasília; lama das regiões serranas e interior de Minas Gerais, areia para as áreas litorâneas e asfalto para as demais cidades brasileiras e mundiais.
Preocupados também com a condição geográfica e morfológica da ilha de Santa Catarina e a probabilidade de que a grande onda de tsunamis  que têm atingido Ásia, América e parte da Europa efetivamente chegue as cidades litorâneas o projeto do carro anfíbio também está disponível na versão água salgada. 
O teste recente pôde ser visto pelos moradores e/ou freqüentadores do calçadão  da Avenida Beira-mar Norte. Alguns atletas se assustaram com o carro totalmente submerso na água. Vira-se para o jornalista ali presente e diz:
- O mô quirido, avião de rosca até que não assusta mais, max esse carro que mais parece um sapo, nunca vi não


quarta-feira, 9 de março de 2011

Amor e posse


“O amor é egoísta”, foi o que me disse a mãe preta quando perguntei a ela sobre o amor.
Pensei muito naquela frase, por dias eu pensei, questionando, refutando, argumentando e contra argumentando seguidas vezes em minha mente.
Como pode ser o amor algo tão mesquinho como o egoísmo?
Perguntei a um amigo lingüista sobre a palavra egoísta; ele me explica que a palavra tem como uma de suas bases a alusão ao ego. Ego, localidade na mente onde ficam os desejos da alma, desejos por vezes tão ocultos que nem mesmo Freud poderia desenterrá-los.
Busco em Dante os desejos e sentimentos mais hediondos que a mente pode produzir. Sexo, vaidade, dor, tortura, morte, posse. Eis minha vilã. A posse.
Na cultura ocidental de um modo geral a posse é comumente confundida com a própria essência do ser. Ato este totalmente compreensível ao tratar de uma sociedade individualista em que os conceitos de posse e poder estão diretamente emaranhados. Mutualístico pode-se dizer. Mas ainda existem correntes que conseguem separar o ser das posses ou poder que estas representam.
Busco por uma definição do ser novamente na lingüística. Ironicamente no inglês a mesma palavra que é utilizada para a conotação ser, também tem serventia de igual valor quando usada na conotação de estar. É possível ser e estar ao mesmo tempo? “ eu estou com fome” é totalmente diferente de “eu sou a fome”. Na primeira sentença a fome pode ser facilmente sanada com um prato de comida, porém na segunda sentença não há cardápio no mundo que mude tal situação, posso concluir que o ser é imutável? Sendo esse o caso, o amor é e sempre será egoísta?
Para os que amam é necessária a posse do objeto amado? E esse amor é representado pelo sexo, pela dor, pela paixão ou mesmo pela vaidade? É o amor que se transforma em dor quando há partida ou desilusão?
Em algumas filosofias orientais a perda é parte crucial do aprendizado árduo e é somente após anos de aprendizado que se alcança o verdadeiro amor. Puro e sem interferências dos sentimentos ou paixões. O amor está no ato de contemplação da vida, pura e simples. Agradecer pelo momento vivido e continuar a contemplação das várias esferas da própria vida.
Talvez no ocidente seja preciso rever alguns conceitos básicos, começando pela vilã em questão, a posse. No ocidente, posse significa eternidade, algo somente pertence a alguém se este bem (normalmente físico) foi somente desta pessoa e por todo o tempo. Até mesmo pessoas são possuídas e possuidoras de outras. Ao falarmos “meu marido, minha namorada, meu pai, minhas amigas...” limitamos a pessoa em questão a algo que nos pertence, que está diretamente ligado a nós.
O apego é a prova máxima do amor ocidental. Agora faz todo sentido na verdade: “o amor é egoísta”, lógico! O apego está diretamente ligado a posse. De alguma forma, quando se ama alguém (ou alguma coisa) e se apega a este ser, não há vontade de deixar partir, perder ou mesmo dividir, pois sendo o amor egoísta, ele possui a pessoa e sendo ela uma posse, deve permanecer enquanto existir o amor, que deve durar para sempre (como todas as construções de um ideal romântico de eternidade dos atos e memória)
Talvez se fosse possível o amor não estar ligado à posse, ou pelo menos, não ao ideal de que a posse deve ser eterna para se caracterizar com válida e existente. Talvez assim houvesse o amor tal quais os orientais escrevem sobre, contemplação do momento, gratidão pela existência e pela duração e abertura para novos momentos e aprendizados. 


Imagens: 
"Love" artista desconhecido, foto do google!

terça-feira, 8 de março de 2011

Em minhas linhas

Era uma noite quente como as de verão, porém agora está agradável, uma leve chuva cai lá fora, regando as plantas, trazendo a nova vida à tona.
Na vitrola um disco feito quase que sob medida para noites assim. Um soft jazz na voz de uma bela mulher, o piano ao fundo flertando com a percussão, soma que me embala sem o menor esforço
Fecho os olhos e me deixo levar, flutuar junto a sua bela voz, deixo que ela entre em meu corpo, ouço o som da chuva na telha de barro, o cheiro da terra molhada mesclado ao incenso massala que como que estivesse com preguiça queima, libera sua valsa de fumaças e odores.
Há muito que não escrevia em linhas, meus dedos chegam a reclamar de tal esforço, mas eu gosto dos desenhos que as letras fazem na folha branca. Gosto do som do acoite da caneta e tinta ao papel.
A cidade está em festa, é carnaval e todos vão às folias em busca de diversão, pequenas doses de paixões, ou mesmo em busca de si mesmo. É exatamente nesse momento que me recolho, sozinho em minha cama.
Triste é o fato que para tal ato, tenha eu que machucar que tanto preso, causar-lhe dor e magoas. A ti, peço perdão pela dor que lhe fiz sofrer. Quantas delas eu fiz sofrer? Por quantas sofri? Quantas amei? Todas? Nenhuma?
Gostaria que o amor fosse algo mais simples, como uma receita de bolo por exemplo. Alguns bolos são deliciosos, simplesmente deliciosos, sem caldas ou grandes enfeites. Alguns murcham ao sair do forno, outros são belos, mas não saborosos.
Não há problema em errar a receita, pode dar certo, ou não. Mas caso não dê certo, pode-se voltar à receita e começar tudo outra vez. E quanto ao subjetivo amor? Não há receita ou guia, não há quem mostre onde foi o erro?
Nessa noite de carnaval, enquanto todos procuram suas pequenas doses de aventura e diversão, me retiro do mundo, ouço o som da agulha no fim do disco, ouço a chuva que cai, sinto a brisa fria entrar, sinto um arrepio subir por minha espinha.
Nessa noite de carnaval, curtirei a mim mesmo...abandono ao fim destas linhas todos e todas, passado, presente e futuro e principalmente ao futuro do pretérito. 

quarta-feira, 2 de março de 2011

Coça coça!



Eis um pequeno conto sobre uma coceira, coceira impiedosa e constrangedora... Uma bela semana, voltando de meus treinos diários, sinto uma pequena coceira, mas um tanto quanto inconveniente, pois a localidade dela poderia causar certo desconforto em que estivesse olhando eu me coçar. Mas até então, acreditava eu não ser nada, afinal, costumo dormir de janela aberta e poderia ser uma simples picada de mosquito, um tanto quanto abusado esse mosquito, mas ainda sim uma picada.

Pois bem, passam-se uns dias e a coceira permanece agora cada vez mais lembrada e incisiva, mas ainda sim nada preocupante. É então que a primeira noite de coceira acontece. Dormir no verão pode ser um pouco complicado, o calor que não cessa, o ventilador que não sopra suficientemente, os mosquitos infernais que param de zunir no ouvido, ou seja, o clássico dilema veraneio: me cobrir e passar calor, mas ficar sem mosquitos; ou não cobrir, ficar fresquinho e agüentar os zunidos ao pé do ouvido.  Adicione a isso uma constante coceira nas pernas e terá a receita perfeita para péssimas noites de sono.

Um dia de muito mau humor veio na seqüência da noite de mosquitos e coceiras, porém agora com ainda mais delas. Mas que merda de coceira, porque você não foi acontecer no meu braço, justo ali, não posso coçar nada.

Tento usar técnicas mil para conseguir um alívio rápido para tal infortúnio.  Quando garoto, usava a técnica da mão no bolso para arrumar a cueca que comumente apertava-me. Um pequeno alívio, mas ainda existe a coceira, mudar a posição na cadeira, isso vai ajudar, não não, de volta à anterior, droga, não consigo ficar daquele jeito outra vez, onde será o banheiro mais próximo. Ai como isso coça!

Num ato desesperado vou ao banheiro e decido retirar todo e qualquer pelo daquela região. Muitas passadas de gilete depois, tudo limpo, fico pelado como um bebê. Mas que visão mais bizarra, a ultima vez que o vi assim eu devia ter uns dez anos e tudo parecia tão diferente.

Vou treinar, me distrair, não pensar, é só não pensar nela que não irá coçar! Trocar de roupa com muito cuidado para nada encostar a lugar nenhum. Poutz, não rola de usar uma cueca-box para treinar, melhor colocar as normais mesmo. Merda, a costura da normal pega bem na virilha, ai que coceira. Vamos logo, treino, distração!

Na academia, antes de ir escalar, sempre corro aproximadamente meia hora na esteira para perder os quilinhos adquiridos no ultimo inverno. E lá vamos nós, correr. Grande, imenso, gigantesco erro. Correr causa suor, muito suor. Correr causa atrito da roupa na pele, somando suor e atrito o resultado só poderia ser um: mais coceira. Mas eu agüento, até o fim da esteira eu agüento, aperta o apoio de mão, morde os lábios, não adianta, pensa em outra coisa, olha a gata malhando, NÃO, não é uma boa idéia, definitivamente não quero deixar a região ainda mais sensível, olha para a TV, propaganda do carnaval, propaganda do Big Brother. PelamordeDeus só tem bunda na TV brasileira.
O relógio apita, finalmente, corro para o banheiro, me enfio na ducha gelada e sinto meu corpo agradecendo por aquela benção divina. Coloca a roupa seca, preciso ir a uma farmácia agora.

- já vai cedo Thiago – diz meu treinador e dono da academia

- Pois é, tenho um compromisso agora, não vou poder ficar pro resto do treino hoje.

Tenho sim um compromisso com o farmacêutico. Já chego pedindo o clássico vodol e um hipoglos. Esses saem muito essa época do ano- diz o farmacêutico que também recomenda um sabonete intimo, como os que as mulheres usam, pois assim, “neutraliza o ph da irritação”
Ph da irritação, essa irritação tá mais pra Ph.D isso sim , mas gente boa esse farmacêutico, solidário a minha dor. Outro banho frio, agora usando o tal sabonete intimo, realmente sana bastante a vontade de coçar, pomada, ventilador e, por favor, uma boa noite de sono, amanha tenho reunião na escola e não quero estar de mau humor e muito menos me coçando na frente da minha chefe.

A manha começa tranqüila, banho, sabonete, pomada, roupas e rua, so far so good! Reunião, em circulo, por que sempre em circulo? “assim todos se vêem” - diz a coordenadora pedagógica, mal sabe ela que o que eu menos quero nesse momento é alguém fitando eu enfiando mão calças adentro. As horas passam e as metodologias que já são normalmente cansativas agora estão impossíveis, novamente, não pensar na coceira, eu consigo controlar a minha dor com a mente, não pense na coceira, não pense na coceira, droga, eu estou pensando na coceira ao pensar em não pensar nela. Acaba reunião, por favor, acaba!
Ainda nos corredores da escola, tomo meu telefone e ligo para a clínica marcando uma consulta. Como assim só tem urologista daqui a dois dias, okay, pode marcar, na primeira hora da manha, por favor!

Mais duas noites de muita coceira e consequentemente dois dias de muito, mas muito mau humor e pouquíssima produtividade. Além é claro de situações constrangedoras como um ataque subido na fila do banco, ou no meio do trânsito sentado a minha moto, por que raios não tenho um carro para andar pelado dentro dele, ninguém veria. Houve até uma desistência de cinema, por não agüentar colocar as calças.

O dia da consulta chega, finalmente vou a um urologista. Função nobre e ingrata essa, ter que olhar pênis alheios o dia todo e alguns nas piores condições possíveis. Entre a tensão do momento e da coceira me sento a esperar pelo médico.

- Pode entrar Thiago, o médico já o está esperando.

Ao entrar, eis o susto, meu médico é muito parecido com o comediante Marcelo Adnet, inclusive seu tom de voz e expressões, cheguei a pensar numa pegadinha, mas quem faria pegainhas num consultório dessa área? 
Nada delicada seria essa produção. Pois bem, explico ao Adnet da saúde ali a frente o que se passava comigo e com meu grande companheiro.

- Isso é bem comum essa época do ano – diz o Adnet de jaleco e luvas – todos temos fungos que vivem na pele, em alguns casos, como o seu, eles encontram um ambiente propício para se desenvolver, como foi o caso do calor e suor do seu corpo.

- Mas eu sempre tomo banho pós treino, no verão chego a tomar quase cinco banhos por dia para poder me refrescar.

- Não é questão de higiene, mas de calor, seu corpo está muito quente devido ao Sol e as várias atividades físicas que você está fazendo, o que torna propício para o desenvolvimento. Não se preocupe, em uma semana você estará livre das coceiras. Pelo menos causadas das alergias sim, agora quando aos pelos...

- Mas pelo menos vai ajudar né? Não ter pelos, não retêm a umidade (diz que vai ajudar, que isso não foi uma completa idiotice da minha parte)

- Sim claro, provavelmente vai agilizar o tratamento, agora deite aqui e baixe as calças até a altura do joelho.
Eis que penso: faço a piadinha do vinho? Acho que não, é de manha e o cara ainda vai ter que ver pelo menos uns dez pintos feios só nesse turno.

E ele coloca as luvas e a mascara, estica para lá, aperta para cá, e eu ali, com aquela cara de tem um cara mexendo no meu pênis. Será que ele imita o Silvio Santos se eu pedir; outra pergunta, caso eu tenha uma ereção, ele se sentiria ofendido ou lisonjeado? Céus que profissão mais ingrata essa!

Terminado a exame prático, ele me prescreve uma pomada um pouco mais forte e explica que um vodol teria dado conta do recado caso eu não tivesse raspado a área, devido ao atrito da gilete com esta área, a pele ficou ainda mais sensível que o habitual e a irritação aumentou. Mas que o remédio daria conta. Porém, serão duas semanas sem relações sexuais e bebidas, pois o uso da camisinha pode irritar a pele e o álcool corta o efeito.
Duas semanas de besunte, cuecas largas, sensualidade zero e torcendo para que nenhuma mulher resolva que me quer nessas semanas.

Preciso voltar lá no Dr. Adnet, agradecer pelo tratamento. Seria estranho mandar flores ou chamá-lo para uma cerveja pós - expediente?


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Dia dos Namorados

Texto produzido no dia dos namorados do ano passado! 



Sendo hoje sábado, como de praxe, acordei tarde, enrolei na cama ate não poder mais, fiquei de preguiça ao Sol brincando com meus cachorros e depois de estar já aquecido, fui me banhar e preparar um almoço.


O dia está uma delícia, clássico dia de outono em Florianópolis, friozinho com um bom Sol pra nos manter aquecidos. Coloco uma música e parto para a cantoria de chuveiro. Tomo um banho tranqüilo, deixando a água quente cair sobre meu corpo, cantando e dançando dentro do banheiro, é impressionante como banheiros são bons para cantar, a voz ecoa pelas paredes molhadas.

Saindo do banho, aumento ainda mais o som e me direciono a cozinha, o que fazer de almoço? o que tenho para comer ? Lasanha congelada outra vez? Não, hoje vou cozinhar aproveitar esse bom humor. Abro aquela cervejinha que comprei para ocasiões especiais, depois compro outra, começo o preparo do almoço.
Hum...macarrão carbonára. Boa idéia!

Corto a cebola, aquela leve chorada costumeira, azeite, pequenos pedaços de bacon, condimentos... Ótimo, tenho tudo o que preciso. 
Fogo aceso, frigideira posicionada, cerveja aberta, vamos lá: Jogo manteiga, refogo um pouco de cebola e alho com sal, os bacons pra dar o gostinho, quando está tudo refogando, jogo um gole considerável de minha cerveja também, hum... que cheiro bom.  Opa, a água do macarrão ferveu, agora é só cozinhar e está tudo pronto.

Opa opa opa! Tem algo errado aqui. Quando vou jogar a massa na água, percebo que algo não está bom, o fogo está muito baixo. Ah não! O gás está acabando, maldição.
Guarda tudo, coloca uma roupa, lá vou eu para o shopping atrás de algo pra comer, shopping no sábado já é chato, sábado frio então, a chance de estar entupido é gigante. E assim o estava, gente pra todo lado, adolescentes e suas vaidades saindo pelo ladrão. Mas há algo de estranho hoje nas pessoas, há um ar de romantismo no ar, casais andam mais felizes que o comum, se beijando, apaixonados por todos os cantos do prédio. Ah sim, lógico, hoje é o dia dos namorados.

Segundo a tradição, o dia dos namorados é celebrado com a troca de presentes simbólicos como cartões ou lembrancinhas, mostrando assim o amor e carinho mútuo no casal. Em algumas culturas, pobre coitado é o namorado que der uma lembrancinha simbólica. Para a segurança dele e da relação, é melhor que o símbolo deste presente venha impresso em alguma logomarca bem conhecida e cobiçada por todas as outras namoradas do meio social dela. Afinal, namorar é: o ato de mostrar a todas as outras perdedoras, como ela, superior, conseguiu alguém que não a só faça feliz, como demonstre isso através dos presentes caríssimos que compra. Um tanto limitada essa versão é verdade, há também a versão masculina do namoro; namorar é: mostrar a todos os babacas que ele come (mesmo que isso não seja verdade) uma gostosa todos os dias.


Na tradição histórica, o dia dos namorados vem da contenta entre São Valentin e o imperador romano Cláudio II. O imperador preocupado com a eficácia de seus soldados durante a guerra proibi o casamento enquanto seja necessária a estada de seu legionário em campo de batalha, mas contrariando suas ordens o então Bispo Valentin (que foi só vai ser considerado santo, durante o período da idade média) realizava casamentos clandestinos, inclusive o próprio, que o levou a prisão e morte por decapitação anos mais tarde. Antes de sua morte, Valentin deixa uma carta para sua amada, assinando como “seu namorado, seu Valentin”.  Considerado Santo anos mais tarde, São Valentin se torna o santo dos namorados para o mundo ocidental e em sua homenagem é festejado o dia de São Valentin ou dia dos namorados

Agora como uma historia de luta por amor e morte se torna em uma exibição de posses é uma pergunta que se deve lançar a modernidade e principalmente aos costumes burgueses ocidentais. Tornando-se a segunda data mais importante para o comércio anual, perdendo somente para o natal, o dia dos namorados é mais um motivo para gastar as finanças e demonstração de poder. Presentes são trocados muitas vezes com o intuito de satisfazer apenas a vaidade daquele ente querido ou meramente por sem um processo padrão e se não houver um presente, um jantar, um motel, ou qualquer mudança na rotina tradicional, aquele que não teve a atitude coerente ao dia, será penalizado com mau humor e chantagens emocionais por um bom tempo. Elas perdoam, mas nunca esquecem.

Porém pior que o processo dos presentes, é não ter um parceiro com quem passar este dia. Um crime, um pecado capital tamanho que nem listado entre os sete ele foi. A conjuntura moral e social diz que o dia dos namorados é o dia mais romântico do ano, logo, você deve ter alguém ao seu lado para demonstrar todo esse romance, mesmo que este seja tão simbólico quantos os presentes dados nesta data. Neste dia os casais ganham a alforria dos conceitos morais tradicionais e podem se beijar em público a todo tempo, podem distribuir caricias, podem se apaixonar e principalmente, podem ser românticos. Preocupo-me com o fato de este ser apenar um dia no ano, dentre os outros 364 dias. Se estes casais acumulam tudo para este dia, pobre coitado é este relacionamento sofrido durante os tantos outros que estão por vir.

É interessante observar as pessoas neste dia, principalmente no shopping durante a tarde, onde a imensa maioria é adolescente. Estava eu sentado sozinho, finalmente comendo meu almejado macarrão e entre uma garfada e outra podia observar vários casais entrelaçados pela praça de alimentação, quanto amor, quanta paixão, espero sinceramente que esta paixão e amor tenham a duração necessária para o casal. Mas mais interessante que o casal apaixonado era o grupo de meninas adolescentes na mesa ao lado, uma delas, mantinha um olhar fixo, algo que parecia ser uma mistura entre esperançoso e melancólico, para o casal ao seu lado. Enquanto suas amigas todas comentavam algum assunto que as faziam rir, esta estava inerte observando o casal. O casal então decide levantar e ir em direção aos restaurantes localizados atrás de mim. 

Logo percebo que a menina do casal é uma de minhas alunas no curso de historia da arte. Levanto-me para cumprimentá-la então ela me pergunta: sozinho no dia dos namorados professor? Respondo qualquer coisa engraçada como o de costume, o casal ri e saem abraçados pelo shopping.

Após este encontro, passei a me perguntar qual é a função real do dia dos namorados, qual é necessidade de um namoro, e por que manter esta tradição que a muito perdeu seu real valor. Talvez esse valor não tenha sido de fato esquecido ou perdido, mas somente camuflado. Uma pena que seja necessário um dia para que os casais se lembrem que são apaixonados, que devem se presentear, se declarar e se amar sem o pudor de se preocupar com as conseqüências disto. Mas que bom que há um dia para que isso aconteça, assim, os jovens amantes podem celebrar seu amor.

Só há uma ressalva em relação ao dia dos namorados, varias na verdade, mas a principal é que seja criado o dia dos solteiros convictos então, para que nos, possamos também celebrar a nossa felicidade, afinal, assim como ser um namorado feliz, ser solteiro feliz exige muita paz de espírito e dedicação. As tentações de começar a namorar podem ser muitas. Afinal, quem não gosta de um aconchego no inverno. Por isso, clamo pelo dia dos solteiros convictos.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

“acordar dentro do sonho e continuar sonhando”.



 Há muitos anos, um homem chamando John Stokes me ensinou o quão importante são as horas de sono e principalmente os sonhos que tenho durante elas. Durante seus ensinamentos, John explicava que os sonhos são em parte, o caminho deixado por nossos espíritos durante seus passeios, ou seja, seus rastros, suas pegadas. Ele nos ensinou como rastrear tais pegadas, “acordar dentro do sonho e continuar sonhando”.

Recentemente houve nos cinemas, um grande ganhador de bilheterias por sinal, abordou as várias estruturas do sono e conseqüentemente dos sonhos. Como se pode mudar uma opinião, esconder idéias de si mesmo, viver um mundo de fantasias ou usá-las para desvendar o mundo em que vivemos. Outro grande mestre da utilização dos sonhos na arte é o conhecido gênio (louco para alguns) Salvador Dali. Ele dizia que o sonho é a forma mais pura da imagem que podemos criar sem que haja intervenção dos paradigmas ou mesmo estruturas geométricas do mundo visível que captamos em nosso estado de consciência. Para Dali, que se inspira muito em Freud (agradeço aos amigos da psicologia que muito me ajudaram para o melhor entendimento desse assunto) é nos sonhos que estão todos os desejos mais íntimos, que não seriam aceitáveis para alguns padrões da sociedade. Freud e Dali vão além (e muito) na explicação dos campos do sonho, o que não cabe aqui, pois meu domínio nesta região é pequeno e não convêm ao assunto.

Pois bem, umas das práticas ensinadas por John é o caderno dos sonhos, caderno este que mantenho desde os quinze anos; neste caderno, anoto já no primeiro momento da manha meu sonho, antes mesmo de abrir o olho, escrevo nele palavras chaves para que possa lembrar-me do enredo do sonho mais tarde. Tarefa difícil esta, pois durante o ano letivo, pouco são os dias em que posso acordar com calma, se despertador ou mil coisas a serem concluídas antes mesmo das dez da manha.

Mas hoje tive a felicidade de acordar tranquilamente e melhor ainda, lembrar de meu sonho por inteiro. Contarei aqui alguns momentos deles, pois outros cabem somente a mim e a mais ninguém. Uma nota importante sobre interpretação dos sonhos, cada indivíduo deve interpretar seu próprio sonho, pois são deles as percepções das imagens ou sensações, consta na “placa mãe” deste indivíduo e apenas dele os momentos e olhares vividos por ele, logo, é apenas dele a interpretação. Manuais ou guias sobre sonhos não podem ser considerados fielmente, pois isso difere muito para cada um.

Nesta noite, sonhei com uma conhecida minha, não posso classificá-la como amiga intima, pois nosso contato é muito restrito, mas ainda sim, é uma pessoa que nutro profundos sentimentos de carinho e admiração. Há muito tempo que não a vejo, pois estamos em férias letivas e ela está na casa de seus pais, no interior do país.

Lembro-me bem dela no sonho, estava sorrindo e descontraída, fato este bem comum quando está em seu grupo de amigos próximos. Ela tem um sorriso lindo, daqueles bem propaganda de pasta de dente, e no sonho, alguém em nosso roda contava piadas o que a fazia rir ainda mais. O assunto abordado era os costumes estranhos da vida dos locais da ilha de Santa Catarina (estranhos para nós estrangeiros, mas moradores da ilha), riamos e contávamos piadas sobre isso, mas também sobre os regionalismos e costumes também estranhos de outros estados. O sotaque regional era a forma mais utilizada para fazer chacotas com os colegas de mesa, fossem de qualquer estado. Era uma noite agradável e todos estavam bem contentes e a vontade. Esta conhecida sentava-se bem a minha frente na mesa e continuamente azucrinávamo-nos a vida com os regionalismos respectivos. É interessante, pois a minha cidade e a dela, apesar de vizinhas, sofrem de uma rixa histórica, o que dava ainda mais pano para as chacotas.

Ao fim da conversa, ela me pediu que a deixasse em casa, pois era tarde e assim o fiz, sobe na moto e lá vamos nós. Eis que chega a parte interessante do sonho: na vida real, a lanchonete em questão não fica a mais de um quarteirão de distancia da casa dela, mas neste sonho, esta distância foi exponencialmente aumentada. Quando fui ler as palavras anotadas sobre este sonho, vi que escrevi “acordado e ainda sonhando” logo após moto e o nome da pessoa em questão. Então o sonho me veio à memória e pude visualizar o que tinha acontecido no mundo dos sonhos.

Ao subir na moto percebi que estava sonhando, pois não estávamos usando capacetes e a rua estava diferente, assim como a minha própria moto estava um pouco diferente, me lembro da sensação de dirigi-la. Ao perceber isto, decidi em meu próprio sonho, que aquela distancia entre a lanchonete e a casa não seriam tão curtas como na vida real, mas bem longas para que eu pudesse aproveitar aquele momento na companhia desta pessoa.

 Durante o passeio continuamos a conversar tranqüilamente (o que não acontece bem numa moto em velocidade devido ao vento), eu podia ver pelo retrovisor que ela sorria com os comentários, mas principalmente que seu sorriso, assim como o meu, representava a alegria de estar naquele momento, à sensação de liberdade que o vento causa ao bater no rosto.

É então que chegamos ao nosso destino, me despeço dela com carinho que é devidamente retribuído e volto a subir na moto e seguir rumo a minha casa. Algumas partes deste sonho foram submetidas, pois não concerne ao mundo virtual, mas apenas a meu mundo dos sonhos e talvez a ela que foi protagonista deste momento. Fiquei muito grato por ter dito um sonho tão gostoso e decidi dividir isto com todos.

Espero que todos tenham tidos ótimos sonhos também! Bom dia!




Imagens de: Thiago Sobreira, Salvador Dali, Vanessa Ivo 
Video; Destino de Disney e Dali 

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Stereo na SESC TV

Há mais ou menos um ano os listrados passaram por uma grande modificação estrutural. Saíram da banda, Bruno (guitarrista) e André ( baterista) e entraram Thiago (trompetista e back vocal) e Max (baterista).
Já no início do ano tínhamos o grande desafio de criar um show de 30 minutos somente de músicas próprias para o programa com o SESC TV do Sesc Santana de São Paulo.
Passagens pagas e data marcada, nos lançamos nos estúdios e dentro de casa em pleno verão ilheu  para criar tais músicas. Foi um mês inteiro de trabalho árduo, muito suor (literalmente), muita diversão é claro e boas canções. 
O resultado ainda está por vir, mas já fica aqui um pequena mostra!





Mais informações nas redes sociais:  twitter  e myspace

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Solidão

Caro administrador!
Venho por meio deste em nome de minha conta bancária.
Há muito tempo que tenho ouvidos seus lamentos, conta esta que já sofre deveras preconceitos sobre sua magreza e pequena estatura, agora sofre também de solidão
Seu grande amor, o salário, que costumeiramente pouco fica ao seu lado, nunca mais apareceu. Dizem boatos que ele nem mesmo sabe mais o número da agencia onde ela esta localizada.
Pobre de minha conta bancária, seus momentos com o salário costumam ser breves, normalmente não duram mais que uma mísera semana, mas ainda sim, momentos vividos juntos e felizes.
Mas há muito que não se ouve notícia alguma dele. E ainda para piorar, na ultima vez em que estiveram juntos, frutos nasceram dessa relação. Pequenas contas de prestação, singelas, mas ainda sim, famintas e imperdoáveis quando aos prazos.
Soube-se até que uma conta, de tão magra e depois de tanto tempo abandonado, encerrou sua própria vida útil.
Então Sr. Administrador, por favor, deposite meu salário, para que finalmente, minha conta bancária volte a sorrir e eu possa alimentar estes pequenos frutos dessa linda relação de amor!
Grato, Prof. Thiago