terça-feira, 8 de março de 2011

Em minhas linhas

Era uma noite quente como as de verão, porém agora está agradável, uma leve chuva cai lá fora, regando as plantas, trazendo a nova vida à tona.
Na vitrola um disco feito quase que sob medida para noites assim. Um soft jazz na voz de uma bela mulher, o piano ao fundo flertando com a percussão, soma que me embala sem o menor esforço
Fecho os olhos e me deixo levar, flutuar junto a sua bela voz, deixo que ela entre em meu corpo, ouço o som da chuva na telha de barro, o cheiro da terra molhada mesclado ao incenso massala que como que estivesse com preguiça queima, libera sua valsa de fumaças e odores.
Há muito que não escrevia em linhas, meus dedos chegam a reclamar de tal esforço, mas eu gosto dos desenhos que as letras fazem na folha branca. Gosto do som do acoite da caneta e tinta ao papel.
A cidade está em festa, é carnaval e todos vão às folias em busca de diversão, pequenas doses de paixões, ou mesmo em busca de si mesmo. É exatamente nesse momento que me recolho, sozinho em minha cama.
Triste é o fato que para tal ato, tenha eu que machucar que tanto preso, causar-lhe dor e magoas. A ti, peço perdão pela dor que lhe fiz sofrer. Quantas delas eu fiz sofrer? Por quantas sofri? Quantas amei? Todas? Nenhuma?
Gostaria que o amor fosse algo mais simples, como uma receita de bolo por exemplo. Alguns bolos são deliciosos, simplesmente deliciosos, sem caldas ou grandes enfeites. Alguns murcham ao sair do forno, outros são belos, mas não saborosos.
Não há problema em errar a receita, pode dar certo, ou não. Mas caso não dê certo, pode-se voltar à receita e começar tudo outra vez. E quanto ao subjetivo amor? Não há receita ou guia, não há quem mostre onde foi o erro?
Nessa noite de carnaval, enquanto todos procuram suas pequenas doses de aventura e diversão, me retiro do mundo, ouço o som da agulha no fim do disco, ouço a chuva que cai, sinto a brisa fria entrar, sinto um arrepio subir por minha espinha.
Nessa noite de carnaval, curtirei a mim mesmo...abandono ao fim destas linhas todos e todas, passado, presente e futuro e principalmente ao futuro do pretérito. 

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