domingo, 4 de setembro de 2011

2.5: O ano em que virei adulto


Colando grau em História pela UFSC

Como de costume ao somar mais um número em minha cronológica linha da vida, faço uma pequena e singela reflexão escrita sobre como foi o ano que passou, para quando estiver mais velho (bem mais) e minha memória já não tiver condições de sequenciar fatos e acontecimentos importantes, buscarei esses arquivos e textos, mantendo sempre um gancho com meu próprio passado.
Lógico que aos 60 e 70 tudo isso (caso ainda existe) será lido de uma forma muito mais romântica que hoje escrevo, mas ainda sim, servirá de ancora para minhas recordações.

Pois bem, os 25 anos:
Esse definitivamente foi o ano em que eu virei adulto, não vejo outra definição para esse ano que não essa. É bem provável que em dois ou mais anos eu me ache um tolo por considerar esse o ano adulto, mas hoje tenho reais motivos para acreditar que foi aos vinte e cinco anos de idade que fiz a passagem da vida jovem para a adulta.
Por exemplo, aos vinte e cinco anos eu me formei. (Foi ao vinte e seis na verdade, mas não conta, pois foi somente cinco dias depois de meu aniversário.) Foi aos vinte e cinco que entrei no cansativo processo da monografia, processo esse que tive pouca ou quase nenhuma orientação daquela que deveria me orientar, a não ser no primeiro encontro quando ela assinou o documento oficializando a orientação e no ultimo encontro minutos antes da apresentação perante a banca. Ou seja, li muitos livros, mais que deveria para uma monografia, mas o resultado final foram 120 páginas escritas e ilustradas e um 9,5 extremamente satisfatório.
Mas antes mesmo disso, percebi que estava em processo de transição, quando perdi totalmente o gosto pelas festas universitárias, normalmente composta por pessoas bêbadas e cerveja ruim e barata, mas muito divertidas. Festas essas que anos antes, somado ao Restaurante Universitário e a aulas de alguns professores específicos era o principal motivo de não querer sair da universidade nunca. Cada vez mais eu preferia beber menos cerveja ruim, ter menos barulho, conversar em voz mais baixa, resumindo, ficando velho.
Outro fator que contribuiu e muito para minha transição foi minha namorada, primeiro o fato de começar a namorar e sério, nada de “to contigo, mas to por aí”. Sério mesmo, de sairmos em casal para ver filmes suecos de casais homossexuais com problemas para adotar um jovem e depois ir a pizzaria conversar sobre filmes, artes e história.
A relação ficou tão séria que quando percebi estava lavando minhas roupas na casa dela e separando as minhas meias das dela. A mudança da vida de solteiro farreiro para namorado caseiro foi gradual e saudável, tanto que não sinto falta hoje da farra e durmo feliz ao lado dela todos os dias. Meus programas mudaram, são geralmente pizzas, sushis, cinemas, teatros, pipoca (e muita pipoca) com DVDs debaixo das cobertas. Alguns programas foram somados com a presença dela, como passear com o Thor aos domingos pela beira mar ou ir escalar nas sextas-feiras à noite.
Outro fator que contribuiu e muito para minha transição foi o número de aulas e turmas (e conseqüentemente provas e trabalhos) ter aumentando exponencialmente. Sou agora oficialmente um professor de História, formado pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente trabalho em três escolas, duas dessas extremamente conceituadas aqui em Florianópolis.
O aumento de turmas gera também o aumento salarial, o que é maravilhoso e fundamental para a transição, pois quando estudante, eu sempre estava lascado por não ter grana, segurando daqui, apertando dali, comia e jantava no RU para ter mais grana no fim do mês e por aí ia. Agora com o maior salário, posso me dar ao luxo de sair sem me preocupar tanto, lógico que estou longe de nunca mais me preocupar com dinheiro, afinal, não ganhei na mega-sena ainda. Mas que agora as coisas estão bem mais aliviadas, ah estão!
Alguns sonhos da juventude não mudaram, mas agora posso pensar realmente em fazer a minha viagem e ir a Cuba e depois descer pela América Latina de moto, jipe, mula... 
Ah sim, foi aos vinte e cinco que nasceram meus primeiros cabelos e barbas brancas, o que sinceramente achei muito injusto de minha genética, pois minha barba ainda é falha e cheia de defeitos como a de um garoto, mas já apresenta fios brancos e loiros (potencialmente brancos e alguns anos). Quanto ao meu cabelo, a calvície genética também se manifestou mais aos 2.5, também não curti muito, ainda tenho muito apego a minha antiga juba de leão.
Mas o pior mesmo foi o rápido desenvolvimento de uma barriguinha. Lesionei o ombro escalando no início do ano e tive de parar de treinar tudo por pelo menos oito meses, fora que ao final da fisioterapia, acupuntura e reza brava para curar tal ombro, entrei na temporada TCC e me afundei em livros, café, chocolate e cobertores, só parando para trabalhar, namorar um pouco e dormir (as vezes).  Logo, meu corpo ganhou alguns bons Kgs (oito ao total) e desenvolvi uma localizada barriga. Barriga essa que estou me esforçando para perdê-la novamente, pois voltei a treinar (bem leve) e agora com uma companheira o que deixa o treino ainda melhor.
Bom, prova máxima da saída de minha vida universitária jovem para a adulta é que ontem fui a uma festa, jantar de aniversário de minha coordenadora. De lá, voltei não eram nem meia noite e agora tenho de me arrumar para almoçar em um domingo com meu sogro e sogra.

Mas sabe que eu to feliz assim, sendo adulto!