Recentemente houve nos cinemas, um grande ganhador de bilheterias por sinal, abordou as várias estruturas do sono e conseqüentemente dos sonhos. Como se pode mudar uma opinião, esconder idéias de si mesmo, viver um mundo de fantasias ou usá-las para desvendar o mundo em que vivemos. Outro grande mestre da utilização dos sonhos na arte é o conhecido gênio (louco para alguns) Salvador Dali. Ele dizia que o sonho é a forma mais pura da imagem que podemos criar sem que haja intervenção dos paradigmas ou mesmo estruturas geométricas do mundo visível que captamos em nosso estado de consciência. Para Dali, que se inspira muito em Freud (agradeço aos amigos da psicologia que muito me ajudaram para o melhor entendimento desse assunto) é nos sonhos que estão todos os desejos mais íntimos, que não seriam aceitáveis para alguns padrões da sociedade. Freud e Dali vão além (e muito) na explicação dos campos do sonho, o que não cabe aqui, pois meu domínio nesta região é pequeno e não convêm ao assunto.
Pois bem, umas das práticas ensinadas por John é o caderno dos sonhos, caderno este que mantenho desde os quinze anos; neste caderno, anoto já no primeiro momento da manha meu sonho, antes mesmo de abrir o olho, escrevo nele palavras chaves para que possa lembrar-me do enredo do sonho mais tarde. Tarefa difícil esta, pois durante o ano letivo, pouco são os dias em que posso acordar com calma, se despertador ou mil coisas a serem concluídas antes mesmo das dez da manha.
Mas hoje tive a felicidade de acordar tranquilamente e melhor ainda, lembrar de meu sonho por inteiro. Contarei aqui alguns momentos deles, pois outros cabem somente a mim e a mais ninguém. Uma nota importante sobre interpretação dos sonhos, cada indivíduo deve interpretar seu próprio sonho, pois são deles as percepções das imagens ou sensações, consta na “placa mãe” deste indivíduo e apenas dele os momentos e olhares vividos por ele, logo, é apenas dele a interpretação. Manuais ou guias sobre sonhos não podem ser considerados fielmente, pois isso difere muito para cada um.
Nesta noite, sonhei com uma conhecida minha, não posso classificá-la como amiga intima, pois nosso contato é muito restrito, mas ainda sim, é uma pessoa que nutro profundos sentimentos de carinho e admiração. Há muito tempo que não a vejo, pois estamos em férias letivas e ela está na casa de seus pais, no interior do país.
Lembro-me bem dela no sonho, estava sorrindo e descontraída, fato este bem comum quando está em seu grupo de amigos próximos. Ela tem um sorriso lindo, daqueles bem propaganda de pasta de dente, e no sonho, alguém em nosso roda contava piadas o que a fazia rir ainda mais. O assunto abordado era os costumes estranhos da vida dos locais da ilha de Santa Catarina (estranhos para nós estrangeiros, mas moradores da ilha), riamos e contávamos piadas sobre isso, mas também sobre os regionalismos e costumes também estranhos de outros estados. O sotaque regional era a forma mais utilizada para fazer chacotas com os colegas de mesa, fossem de qualquer estado. Era uma noite agradável e todos estavam bem contentes e a vontade. Esta conhecida sentava-se bem a minha frente na mesa e continuamente azucrinávamo-nos a vida com os regionalismos respectivos. É interessante, pois a minha cidade e a dela, apesar de vizinhas, sofrem de uma rixa histórica, o que dava ainda mais pano para as chacotas.
Ao fim da conversa, ela me pediu que a deixasse em casa, pois era tarde e assim o fiz, sobe na moto e lá vamos nós. Eis que chega a parte interessante do sonho: na vida real, a lanchonete em questão não fica a mais de um quarteirão de distancia da casa dela, mas neste sonho, esta distância foi exponencialmente aumentada. Quando fui ler as palavras anotadas sobre este sonho, vi que escrevi “acordado e ainda sonhando” logo após moto e o nome da pessoa em questão. Então o sonho me veio à memória e pude visualizar o que tinha acontecido no mundo dos sonhos.
Ao subir na moto percebi que estava sonhando, pois não estávamos usando capacetes e a rua estava diferente, assim como a minha própria moto estava um pouco diferente, me lembro da sensação de dirigi-la. Ao perceber isto, decidi em meu próprio sonho, que aquela distancia entre a lanchonete e a casa não seriam tão curtas como na vida real, mas bem longas para que eu pudesse aproveitar aquele momento na companhia desta pessoa.
Durante o passeio continuamos a conversar tranqüilamente (o que não acontece bem numa moto em velocidade devido ao vento), eu podia ver pelo retrovisor que ela sorria com os comentários, mas principalmente que seu sorriso, assim como o meu, representava a alegria de estar naquele momento, à sensação de liberdade que o vento causa ao bater no rosto.
É então que chegamos ao nosso destino, me despeço dela com carinho que é devidamente retribuído e volto a subir na moto e seguir rumo a minha casa. Algumas partes deste sonho foram submetidas, pois não concerne ao mundo virtual, mas apenas a meu mundo dos sonhos e talvez a ela que foi protagonista deste momento. Fiquei muito grato por ter dito um sonho tão gostoso e decidi dividir isto com todos.
Espero que todos tenham tidos ótimos sonhos também! Bom dia!
Imagens de: Thiago Sobreira, Salvador Dali, Vanessa Ivo
Video; Destino de Disney e Dali
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