Depois de cinco anos de moradias moveis e vida nômade na ilha da magia, fixo-me na atual residência onde moro desde o ano de 2008 acho eu.
Mas não contente em estagnar num só lugar, sempre mudei de um quarto para o outro desta casa, comecei neste que estou agora (o da parede vermelha) com pouco mais que uma rede na parede e uma estante capenga para meus livros. Passei para o quarto menor devido às restrições monetárias que me rendeu muitos momentos hilários (outros nem tanto), principalmente por dividir parede com meu querido vizinho e seu namorado e é claro, seus momentos a dois. Carinhosamente apelidados de Brokeback Mountain.
Nesse quarto eu inventei a cama Box modo estudantil, peguei dois colchões de casais, coloquei um maderite serrado ali no meio deles e fechei tudo numa capona única. Ficou bem mais ou menos, mas pelo menos tinha uma cama de casal para dormir com a minha namorada da época.
Resolvi que já era hora de comprar uma cama descente. Lanço-me as lojas populares do centro da cidade, pesquisa daqui, pesquisa dali, sou seduzido pelos vendedores para comprar uma cama, uma cozinha, um juice walita, um celular que assa hambúrguer e faz massagens nos pés, uma Rose dos Jetsons, um armário de 6 portas que se eu levasse na hora pagaria pelo preço de um de duas e ainda ganhando a montagem gratuita, entre outras coisas desnecessárias para a minha casa, mas extremamente necessárias para as cotas mensais do tal vendedor
Depois de muita sedução, muita pesquisa, resolvi comprar então uma cama Box, não daquelas Power High Teck gigantes que da para rolar 4 vezes e não sair dela, mas uma de solteirão com molas, testada na loja por todos meus amigos. Óbvio, que de brinde, por apenas uma pequena quantia a mais eu levei um guarda roupa de seis portas com divisórias estilizadas que não tenho ideia até hoje para que servem. Compradas a cama e o armário, passo meu endereço e conto as horas para a chegada dos novos (e únicos) moveis de meu quarto. Arrumo o quarto, me despeço de minha antiga cama, limpo o chão, a parede, junto todas as roupas num canto na ansiosa espera.
Uma semana se passou e nada dos moveis chegarem, vou a loja perguntar sobre minha mobília e eles garantem a entrega no mesmo dia. Dito e feito. Vou ao trabalho e no meio de uma explicação recebo a mensagem de meu caro companheiro de republica: “Sua cama chegou”
Ótimo, volto para casa correndo, doido para estrear a nova cama. Há uma semana que dormia na rede e minha coluna já pedia arrego. Quando chego a casa, corro para meu quarto, mas nada é o que eu acho lá. Cadê a minha cama? Cadê meu armário? Só o que vejo são minhas coisas do mesmo jeito que as deixei de manha quando fui trabalhar. Fui até o quarto de meu caro amigo e lá está ela, porém algo está errado, ela parece bem maior do que a comprei.
Nossa, que maravilha, a loja me trouxe uma cama de casal por engano, Ihiii!!! A minha era menos da metade do preço dessa, nem acredito, que presentão! Após algum tempo de euforia, me vem o seguinte questionamento: Mas perai, ela não cabe naquele quarto pequeno, vou ter que falar com o Judeu (outro morador da casa que ocupava o quarto grande) para trocarmos. Pego meu telefone, ligo para o terceiro elemento da casa e negocio com ele, assim que mencionei a diferença de preço dos dois, meu caro companheiro de republica prontamente se voluntariou para a troca.
Perfeito, quarto grande, cama grande, que maravilha, agora é só levar a minha nova cama para o novo quarto.
Eis que a peleja começa, essa casa a qual moro tem a clássica arquitetura açoriana, ou seja, corredores estreitos com portas pequenas. Como raios passar uma cama Box de casal por essas portinhas e para piorar a situação, somadas todas as mentes moradoras nesta casa, nenhuma aqui tinha a capacidade de montar cálculos matemáticos que possibilitassem a minha querida cama de entrar no maldito corredor. Todos são das áreas das humanas, dois historiadores e um filósofo. Carrega a cama para um lado, arrasta para cá, prende os dedos entre a cama e a parede, tenta colocá-la pela cozinha, por outro quarto, chama o amigo que mora ali perto para tentar ajudar, mas este também, historiador, incapaz de criar algum sistema lógico para a entrada dessa cama em meu quarto. É então que, cansados, suados e sem mais ideias brilhantes resolvemos chamar o especialista. “Silvão Quebra Galho: serviços gerais”. Eis que chega o tal especialista. Mas antes uma rápida descrição deste indivíduo. O Silvão tem um sorriso completamente vazio, apenas os dois dentes frontais que, aliás, estão devidamente aparelhados com os breques de aparelho dentário fixo. Homem forte como um touro, carregou a maquina de lavar (Brastemp ferro chumbo) com apenas uma das mãos. O que deixou a auto-estima de macho alfa dos republicanos no chão. Mas pessoa de enorme coração, sempre que precisamos, ele da uma mão aqui em casa.
- Eae Silvão, o que dá pra fazer?
- Bah Guri, cama bonita essa hein, tava em promoção é?
- Nem tava Silvão, eles trouxeram a errada mesmo, me dei bem! Só que agora tem que colocar ela lá naquele quarto.
Então ele olha o corredor, a porta, como quem analisasse o lugar, coça o queixo, passa a mão pela porta.
- Oh Guri, quem sabe se a gente serra a janela, num passa?
- Não, já medi também, ela é muito larga.
- Bah guri, essa cama é uma penitencia isso sim.
- Será que não dá pra desmontar Silvão?
(então, no auge de seu manezes, ele responde) – Oh, dexmontá eu dexmonto, max montá assim igualzinho num monto max não!
Minutos depois eu ligo na loja, desconsolado, avisando do erro da entrega e é então que sou informado pela simpática lojista.
- Caro senhor, como forma de pedido de desculpas pela demora da entrega, estou autorizada a lhe deixar essa cama de casal.
- Minha senhora, se ela coubesse em meu quarto, eu já dormindo nela há muito tempo.
Uma semana depois, minha cama é trocada e finalmente recebo a minha cama de solteiro, Box de molas, mas solteiro. Mas obvio que nem tudo poderia ficar bom. Ao vir trocar a cama, os agentes da loja já aproveitaram e montaram meu armário... na parede errada. Agora a porta de meu quarto não mais fecha totalmente, pois o armário não permite.
Noooooooossa, Thi, que triste....
ResponderExcluirshuahushas
nossa, lembrei de você quando vi essa frase: "Dear God, Please bring back Bob Marley, In return you can have Justin Bieber. Amen."
ResponderExcluirhahaha
ahhahaha Amem!
ResponderExcluirahuahuahua
ResponderExcluirnão podia faltar humor no teu blog. Mesmo na tristeza e na pobreza, até que a morte os separe. Tens o meu total apoio!