segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Cidadania?

Pronto, agora sou um cidadão brasileiro.

Ontem, domingo, me levanto cedo, mesmo tendo chegado tarde da noitada (que depois falarei sobre isso, pois aquela festa merece um post inteiro), para resolver minha situação jurídica de eleitor.

Até ontem, eu estava impedido de votar, por escolha própria na verdade, nunca tive vontade alguma de transferir meu titulo para Florianópolis, pelo simples fato de não querer participar da teórica festa da democracia brasileira.

Minha consciência de Historiador pesava um pouco a cada eleição, pois eu simplesmente não votava e sendo este um país que há 25 anos estava vivendo o fim de longos outros 20 anos de ditaduras militares, teoricamente seria meu dever civil ir às urnas e votar certo? Mas tem algo neste raciocínio que não está correto.

Partindo do principio da democracia ser um governo representativo e eu devo escolher aquele candidato que irá representar as minhas vontades, ou menos egoísta, as vontades do meu grupo social, então este sistema é falho, pois, não há candidatos que tenham propostas boas o suficiente ou com credibilidade suficiente para tal.

O ano é 2010, mas a mentalidade parece permanecer nas décadas de 80 e 90. Ainda existe o ideal do cristo e anticristo, muito comum no período da Guerra Fria e nos anos que a sucederam. Existiam aqueles que governavam e aqueles que eram oposição e todos os discursos e legendas partidárias se encaixavam neste esquema. A oposição faz a crítica aos governistas, os governistas acusam a oposição de falta de preparo ou organização.

Outra questão importante é a obrigatoriedade do voto. Sinceramente, considero isto um absurdo. Quem cresceu na capital federal viu de perto o que o voto obrigatório pode causar. Varias e varias terras sendo trocadas pelos votos das populações carentes nos arredores de Brasília. Conhecidos processos de grilagem do Ex Governador Joaquim Roriz e sua corja de políticos que lá ainda vivem e muito bem de vida por sinal. A cidade, bom, essa alcançou o níveis de periculosidade comuns a cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, além é claro de perder o titulo de patrimônio mundial da cultura devido ao abandono de sua belíssima arquitetura e projeto piloto para a cidade, pois, com a chegada de levas e levas de pessoas buscando uma terra dada pelo governo, novos bairros foram criados, além é claro, do inchaço da cidade e aumento exponencial do número de carros. Sim, Brasília agora (de uns oito anos para cá) tem transito e grandíssimos.

O Voto nulo, por exemplo, pouco se fala nele. Existe um imaginário que votar nulo é jogar fora seu voto, o que é uma mentira das piores. Votar nulo pode ser um dos votos mais consciente a existir. Pois ao votar nulo, se mostra que discorda plenamente deste processo ridículo de partidarismos e deseja ANULAR a eleição. O que muita gente não sabe, é que, SE, 50 % da população votasse nula, novas eleições teriam de ser convocadas, com novos candidatos e novas legendas partidárias. Não, não é utopia, apenas um trabalho de desmistificar o valor do voto nulo por exemplo.

Por que não há ninguém avisando isso no horário eleitoral gratuito e OBRIGATÓRIO? Não faz sentido algum, OBRIGATÓRIO! E a liberdade de escolha? Onde que fica? As populações pouco informadas, que normalmente pesam muito na hora das apurações, serão ludibriadas de qualquer forma. A tradição populista ainda permanece fortíssima no Brasil. A relação paternal dos prefeitos, governantes continua sendo a mesma para a maior parte da população.

Mas a classe média, (partindo da divisão de classe como estrutura de análise), esta, que teoricamente é informada, tem acesso as boas escolas e universidades, Internet, televisão e analises criticas dos sistemas políticos. Talvez, essa seja a maior força política existente. Comumente vem dela as manifestações e reivindicações.

Foi então que me peguei pensando, mas por que votar então? Se eu sou totalmente contrário a este sistema democrático falho. Acredito é claro na democracia, sou contrário a qualquer forma de autoritarismo, direita ou esquerda (partindo do principio que estas realmente existiram no Brasil), mas sou contrário a esta democracia obrigatória. Onde sou obrigado a escolher "o menos pior"

Pois então, transferi meu titulo. Para votar NULO possivelmente. Mas confesso que minha desilusão com a política brasileira esta menos forte. Há umas semanas, o Ex Governador do DF, Joaquim Roriz teve seu mandato impugnado, ou seja, não poderá concorrer a novas eleições. Talvez, com esse novo projeto de Ficha Limpa, boa parte desses políticos parasitas e oligárquicos finalmente caiam. Foi o caso do Roriz, durante dezesseis anos ele usurpou, falsificou, perseguiu a população brasiliense. A queda dele pode significar uma nova era na política brasileira, ou não. Mas pelo menos, ELE não participa mais.

Então, eu votarei, em quem? Estudar os candidatos primeiro.

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