Era uma vez, uma menina chamada Renata, ela tinha um pé de batata.
Mas Renata não nasceu assim. Quando pequena, Renata vivia sasaricando por aí, dançando e rodopiando por todos os lados.
Renata adorava passear com seu cachorro Bob babão, eles gostavam de caminhar na praia no fim da tarde. Renata dizia que adorava quando o céu ficava todo rosa e laranja, que o mundo ficava mais bonito e todas as pessoas ficavam mais felizes naquele momento.
Renata era bem pequenininha, mas tinha um cabelão até quase a sua cintura, que ela sempre amarrava ou fazia uma trança, assim podia correr atrás dos siris que moram na praia.
Sua diversão favorita era dançar, meio desengonçada às vezes, mas ainda assim, sempre que podia estava dançando e cantando por aí. Seus amiguinhos todos também dançavam, alguns bons, outros nem tanto.
Como de costume, Renata foi à praia passear com Bob seu querido cachorro babão. Bob estava correndo atrás das gaivotas e cavando buracos na areia, enquanto Renata estava sentada sobre sua canga lendo um de seus vários livros.
Quando de repente, um malvado mosquito sai da mata e sem que ela perceba, pica seu pé esquerdo, bem pertinho do tornozelo. Não sentindo nada, Renata vai para casa feliz e contente. Porém, lá chegando, sente uma coceirinha no pé, daquelas bem gostosas de coçar.
Coça coça coça coça e nada daquela coceira passar. Passa remédio, toma banho e nada daquela coceira passar. Ai meu deus - disse Renata – estou atrasada para minha aula de dança – então ela coloca o tênis e sai correndo para sua aula.
Chegando lá, todos seus amiguinhos ficam assustados, afinal, Renata estava com um pé de batata.
- O que houve Renata? – pergunta Ed o Salseiro Maluco
- Não sei, acho que um mosquito me picou.
- Ih, eu tenho um remedinho bem bom para isso- diz a serelepe Deia – Minha avó sabe como cuidar disso, é só misturar um pouco da nhami, gengibre e alho, mói tudo e até virar uma pasta e passa aí. Mas não pode tomar banho por três dias.
- Três dias! – Diz Renata incrédula
- Não, isso é brincadeira, mas o resto todo é verdade.
- Eu tenho uma pomada bem boa – diz Edu - comprei numa promoção quando estava em Bangladesh, eles dizem que cura até dor de dente, mas acho que é mentira.
- Comprou essa pomada aonde? Misturar Nhami com Gengibre? Não não, nada disso, você tem que ir ao médico. Vai que é o mosquito da dengue ou da febre amarela! – Disse a mal humorada Michele.
- Que médico que nada, come aí um guaca mole com bastante pimenta que tá tudo resolvido – disse Ed.
- Guaca mole? Pergunta Alice a Baiana indignada – Tem que comer é um bom vatapá bixinha, aquilo ali é que é cura de verdade. Já faço já um pra você.
- Gente, gente, muito obrigada pelas dicas, amanha, se meu pé ainda estiver assim eu vou ao médico mesmo.
Michele sai triunfante da conversa, enquanto os outros amigos estão resmungando e discutindo que suas curas são bem melhores que as oferecidas pelos outros.
É manha e Renata continua com seu pé de batata, então ela chama seu grande amigo Calango Malandro para que ele a desse uma carona até o hospital.
Ela senta no banquinho da bicicleta e lá vão eles em direção ao hospital. Lá chegando, Renata senta no banco de espera enquanto seu amigo Calango está guardando a bicicleta. Ao seu lado estão uma senhora mais velha e uma mãe e filha.
Calango e Renata ficam ouvindo músicas no walkman enquanto falam besteiras e riem da televisão. Mas o médico está demorando muito, então calango resolve aproveitar o tempo e ir ao centro da cidade comprar algumas coisas.
Quando ele volta, o porteiro do hospital já o reconhece e o chama:
- Você veio pela menina do pé de batata? Ela está lá dentro com o doutor, parece que o caso é grave mesmo.
Então calango e o porteiro vão até a salinha onde Renata está sentada, com um algodão no braço e o pé ainda mais parecido com uma batata.
Calango senta-se ao seu lado e começa falar um bando de coisas engraçadas que fazem Renata rir até chorar. Até mesmo a senhora mais velha começa rir das besteiras que calango fala para Renata.
- O seu doutor, esse remédio aí que o senhor deu, deixou minha amiga doidona, oh só, ela não para de rir.
Renata rir sem parar, ri tanto que chega a chorar. Seu amigo Calango a pega no ombro e eles vão saindo do Hospital.
- Nossa menininha, que pé enorme você está, o que houve?
- Uma picada de mosquito – diz Renata ainda secando as lagrimas das risadas
- Calma meu bem, não precisa chorar, logo logo seu pé volta a ser pequenininho outra vez.
- Eu falei pra ela moça, mas ela não me ouve – disse Calango antes que Renata pudesse se explicar.
- Pobre menina, tão pequena com um pé tão grande, acho que nunca vi coisa tão estranha em toda a minha vida – diz um médico ao ver os dois partirem do Hospital.
De volta ao centro da cidade, Renata vai comprar os remédios que o doutor havia recomendado. Quando estava próxima ao balcão da farmácia, houve um estrondo imenso do lado de fora. Era Kadu levando mais um de seus famosos estabacos.
- Eu to bem, to bem - Diz Kadu levantando-se rápido devido a vergonha de sua queda em frente a todos
Kadu é velho conhecido do pessoal da farmácia, pois ele é skatista, mas ainda não sabe andar direito, então vive caindo e se ralando todo.
- Nossa, vocês tinha que ver essa manobra, se eu completasse ia ser linda, deu um wally seguido de um varial flip e cai de front, mas...
- Kadu, deixa de papo – diz o farmacêutico- nos sabemos que você não sabe fazer nenhuma dessas manobras aí. Você vive todo ralado, quem sabe andar não se rala tanto quanto você
- Ah, mas se ralaram também e com a minha idade, eu já sei fazer muito mais coisa que eles faziam quando tinha a minha idade. Você sabia que o Sandro Dias começou bem cedo também e ele ...
- Ta bom Kadu, to aqui a sua pomada e deixa eu atender essa menina que o pé dela está enorme.
- NOOOOOOOOSSSSAAA!! Que pé gigante garota, o que aconteceu?
- (já cansada de ter que explicar tantas vezes, Renata responde): Fui picada por um mosquito
- Nossa, mas esse mosquito aí era mutante, só pode. Uma vez eu vi na TV que existem mosquitos maiores que os seres humanos
- Kadu, para de assustar a menina, toma aqui querida, é só passar essa pomadinha que você vai ficar boa- disse o farmacêutico.
- Muito obrigada a todos, já vou indo- disse Renata
- Qual é o seu nome menina? – pergunta Kadu
- Renata
- Então vou te chamar de Renata, a menina do pé de batata.
Hoje nossa querida Renata não tem mais o pé de batata, já voltou a dançar a cantarolar por aí. Até podemos encontrá-la passeando com seus amigos ou seu cachorro babão nos fins de tarde na praia, mas todos na cidade lembram-se da menina que tinha um pé do tamanho de um pão de batata.
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