quinta-feira, 22 de julho de 2010

Os Cinco Sentidos Matinais


Longos são os momentos entre os primeiros sons da manha, o abrir dos olhos e iminente pergunta: Que porra foi aquela ontem a noite?
Primeiro passo, reconhecimento da localidade, abrir os olhos ajuda. AHH, quanta luz, não, de olhos fechados ainda, vamos lá, o que eu fiz ontem? Como parei aqui? Onde é aqui? Muitas questões a serem resolvidas, a linha de espaço tempo foi corrompida em minha memória, talvez se eu usar o auxilio dos meus sentidos físicos. Não posso contar com meus olhos, já sei que existe uma luminosidade inimiga, quem sabe a audição:
Nesse momento meus ouvidos são deliciados com o bom gosto musical de meu vizinho, outra coisa incrível é esta, deve existir algum calculo do IBGE ou de pesquisadores Suecos, (já notaram como sempre pesquisas inúteis são feitas na Suíça, Holanda ou alguns dos países ultra desenvolvidos do continente europeu?) de probabilidade de vizinhos com péssimo gosto musical terem a capacidade de ligar o seu novo som estéreo comprado nas casas Bahia no mais alto volume e, obviamente, no mais terrível estilo musical. O meu em especial, tem um queda por músicas Pop da década de 90, os preferidos dele são George Michael e o grupo Acqua, que tinha como single “i’m a Barbie girl, in a Barbie world...”. Ah sim, sem mencionar a incrível capacidade desses mesmos vizinhos de ouvir a mesma música, centenas, milhares, centenas de milhares de vezes repetidamente.
Bom, já sei que estou em casa, uma das perguntas foi respondida, mas ainda existem outras. Usarei agora outro sentido, o olfato, inútil, meu nariz está totalmente entupido, com esse novo dado, posso supor que voltei de moto, com a viseira totalmente aberta para não correr o risco de cair no sono. Ótimo, outra questão resolvida. Agora só me falta a ultima, apelo então para o meu ultimo sentido físico, o tato.
Nos primeiros instantes, sinto ao meu corpo um tecido duro, amassado e retorcido, ainda estou usando a calça jeans de ontem, ainda desfrutando desta sensação de desconforto, percebo que uma de minhas botas está sob a cama, é provável que ainda esteja usando o outro pé. Sim, teoria comprovada, ele ainda está em meu pé, semi desamarrado, mas com um nó aparentemente impossível de ser tirado nas condições etílicas da noite passada.
Continuando o tour matinal pela minha memória e evidencias corporais: Ah não! Minha blusa de botão favorita, toda amassada e babada, podia ter pelo menos tirado- a antes de capotar, percebo que tentei fazer isso, devo ter me esquecido de tirar o cachecol e ela ficou presa. É incrível a capacidade auto nozante de tecidos, cadarços, cabelo, cobertores e o que é isso amarrado ao meu pulso?
Teoricamente ainda me restaria o paladar eu sei, mas este foi tomado pelo sabor de guarda-chuva e este não é lá das minhas preferências para um desjejum matinal. Antes de levantar, sinto que algo me impede, me prende a cama, me segura fortemente ao ponto de me obrigar a deitar novamente, nossa, como não havia percebido, não estou só, estou acompanhado. Uso então o único sentido não usado ate esse momento, abro os olhos para verificar essa presença ilustre em minha cama, mas essa, feliz ou infelizmente já e velha conhecida, por muitas manhas, as vezes tarde e se não me engano, houve uma vez que me acompanhou ate a noite do outro dia. Reúno as forças existentes em meu corpo e digo em um ato estranhamente carinhoso de velhos conhecidos:
BOM DIA RESSACA!

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