segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Dia dos Namorados

Texto produzido no dia dos namorados do ano passado! 



Sendo hoje sábado, como de praxe, acordei tarde, enrolei na cama ate não poder mais, fiquei de preguiça ao Sol brincando com meus cachorros e depois de estar já aquecido, fui me banhar e preparar um almoço.


O dia está uma delícia, clássico dia de outono em Florianópolis, friozinho com um bom Sol pra nos manter aquecidos. Coloco uma música e parto para a cantoria de chuveiro. Tomo um banho tranqüilo, deixando a água quente cair sobre meu corpo, cantando e dançando dentro do banheiro, é impressionante como banheiros são bons para cantar, a voz ecoa pelas paredes molhadas.

Saindo do banho, aumento ainda mais o som e me direciono a cozinha, o que fazer de almoço? o que tenho para comer ? Lasanha congelada outra vez? Não, hoje vou cozinhar aproveitar esse bom humor. Abro aquela cervejinha que comprei para ocasiões especiais, depois compro outra, começo o preparo do almoço.
Hum...macarrão carbonára. Boa idéia!

Corto a cebola, aquela leve chorada costumeira, azeite, pequenos pedaços de bacon, condimentos... Ótimo, tenho tudo o que preciso. 
Fogo aceso, frigideira posicionada, cerveja aberta, vamos lá: Jogo manteiga, refogo um pouco de cebola e alho com sal, os bacons pra dar o gostinho, quando está tudo refogando, jogo um gole considerável de minha cerveja também, hum... que cheiro bom.  Opa, a água do macarrão ferveu, agora é só cozinhar e está tudo pronto.

Opa opa opa! Tem algo errado aqui. Quando vou jogar a massa na água, percebo que algo não está bom, o fogo está muito baixo. Ah não! O gás está acabando, maldição.
Guarda tudo, coloca uma roupa, lá vou eu para o shopping atrás de algo pra comer, shopping no sábado já é chato, sábado frio então, a chance de estar entupido é gigante. E assim o estava, gente pra todo lado, adolescentes e suas vaidades saindo pelo ladrão. Mas há algo de estranho hoje nas pessoas, há um ar de romantismo no ar, casais andam mais felizes que o comum, se beijando, apaixonados por todos os cantos do prédio. Ah sim, lógico, hoje é o dia dos namorados.

Segundo a tradição, o dia dos namorados é celebrado com a troca de presentes simbólicos como cartões ou lembrancinhas, mostrando assim o amor e carinho mútuo no casal. Em algumas culturas, pobre coitado é o namorado que der uma lembrancinha simbólica. Para a segurança dele e da relação, é melhor que o símbolo deste presente venha impresso em alguma logomarca bem conhecida e cobiçada por todas as outras namoradas do meio social dela. Afinal, namorar é: o ato de mostrar a todas as outras perdedoras, como ela, superior, conseguiu alguém que não a só faça feliz, como demonstre isso através dos presentes caríssimos que compra. Um tanto limitada essa versão é verdade, há também a versão masculina do namoro; namorar é: mostrar a todos os babacas que ele come (mesmo que isso não seja verdade) uma gostosa todos os dias.


Na tradição histórica, o dia dos namorados vem da contenta entre São Valentin e o imperador romano Cláudio II. O imperador preocupado com a eficácia de seus soldados durante a guerra proibi o casamento enquanto seja necessária a estada de seu legionário em campo de batalha, mas contrariando suas ordens o então Bispo Valentin (que foi só vai ser considerado santo, durante o período da idade média) realizava casamentos clandestinos, inclusive o próprio, que o levou a prisão e morte por decapitação anos mais tarde. Antes de sua morte, Valentin deixa uma carta para sua amada, assinando como “seu namorado, seu Valentin”.  Considerado Santo anos mais tarde, São Valentin se torna o santo dos namorados para o mundo ocidental e em sua homenagem é festejado o dia de São Valentin ou dia dos namorados

Agora como uma historia de luta por amor e morte se torna em uma exibição de posses é uma pergunta que se deve lançar a modernidade e principalmente aos costumes burgueses ocidentais. Tornando-se a segunda data mais importante para o comércio anual, perdendo somente para o natal, o dia dos namorados é mais um motivo para gastar as finanças e demonstração de poder. Presentes são trocados muitas vezes com o intuito de satisfazer apenas a vaidade daquele ente querido ou meramente por sem um processo padrão e se não houver um presente, um jantar, um motel, ou qualquer mudança na rotina tradicional, aquele que não teve a atitude coerente ao dia, será penalizado com mau humor e chantagens emocionais por um bom tempo. Elas perdoam, mas nunca esquecem.

Porém pior que o processo dos presentes, é não ter um parceiro com quem passar este dia. Um crime, um pecado capital tamanho que nem listado entre os sete ele foi. A conjuntura moral e social diz que o dia dos namorados é o dia mais romântico do ano, logo, você deve ter alguém ao seu lado para demonstrar todo esse romance, mesmo que este seja tão simbólico quantos os presentes dados nesta data. Neste dia os casais ganham a alforria dos conceitos morais tradicionais e podem se beijar em público a todo tempo, podem distribuir caricias, podem se apaixonar e principalmente, podem ser românticos. Preocupo-me com o fato de este ser apenar um dia no ano, dentre os outros 364 dias. Se estes casais acumulam tudo para este dia, pobre coitado é este relacionamento sofrido durante os tantos outros que estão por vir.

É interessante observar as pessoas neste dia, principalmente no shopping durante a tarde, onde a imensa maioria é adolescente. Estava eu sentado sozinho, finalmente comendo meu almejado macarrão e entre uma garfada e outra podia observar vários casais entrelaçados pela praça de alimentação, quanto amor, quanta paixão, espero sinceramente que esta paixão e amor tenham a duração necessária para o casal. Mas mais interessante que o casal apaixonado era o grupo de meninas adolescentes na mesa ao lado, uma delas, mantinha um olhar fixo, algo que parecia ser uma mistura entre esperançoso e melancólico, para o casal ao seu lado. Enquanto suas amigas todas comentavam algum assunto que as faziam rir, esta estava inerte observando o casal. O casal então decide levantar e ir em direção aos restaurantes localizados atrás de mim. 

Logo percebo que a menina do casal é uma de minhas alunas no curso de historia da arte. Levanto-me para cumprimentá-la então ela me pergunta: sozinho no dia dos namorados professor? Respondo qualquer coisa engraçada como o de costume, o casal ri e saem abraçados pelo shopping.

Após este encontro, passei a me perguntar qual é a função real do dia dos namorados, qual é necessidade de um namoro, e por que manter esta tradição que a muito perdeu seu real valor. Talvez esse valor não tenha sido de fato esquecido ou perdido, mas somente camuflado. Uma pena que seja necessário um dia para que os casais se lembrem que são apaixonados, que devem se presentear, se declarar e se amar sem o pudor de se preocupar com as conseqüências disto. Mas que bom que há um dia para que isso aconteça, assim, os jovens amantes podem celebrar seu amor.

Só há uma ressalva em relação ao dia dos namorados, varias na verdade, mas a principal é que seja criado o dia dos solteiros convictos então, para que nos, possamos também celebrar a nossa felicidade, afinal, assim como ser um namorado feliz, ser solteiro feliz exige muita paz de espírito e dedicação. As tentações de começar a namorar podem ser muitas. Afinal, quem não gosta de um aconchego no inverno. Por isso, clamo pelo dia dos solteiros convictos.

Um comentário:

  1. Querido! Adoro como escreve!
    Sim, criaremos o dia dos solteiros!
    Lembro do Dia dos Namorados de 2009, estávamos eu e vc na casa da Gi fazendo comida, vendo tv e paparicando a gaia :)
    Saudades, Thiicooo!

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