Texto usado na Matéria de Historia e Saúde, simbolizando um futuro em que a Eugénia Sócio-racial entrou em vigor.
Apesar de produzido por mim, não concordo em nada do que está escrito, é apenas uma obra fictícia para simbolizar a mentalidade vigente de uma pequena elite que viveu e ainda vive no Brasil
A Eugenia na literatura brasileira.
Não é de hoje que a eugenia pode ser vista nos periódicos e livros de literatura em nosso país. Ao analisar a literatura do início do Séc. XIX podem-se encontrar vestígios de movimentos eugenistas no Brasil. Como por exemplo, na obra de Monteiro Lobato, onde a figura do Jeca Tatu, retrato do caipira indolente, que “de qualquer jeito se vive” é considerado fruto da mestiçagem entre os filhos de escravos e indígenas com o imigrante europeu do início do período republicano. Não há exemplo melhor para demonstrar como a mestiçagem entre as raças é a causa de retardamento de atraso dos países tropicais e subdesenvolvidos. Jeca Tatu passa o dia atormentado por seus bichos-de-pé e vermes na barriga. Tem preguiça até mesmo de viver sendo a sua maior companhia uma garrafa de cachaça. Conhecido como umas das “patologias dos Pobres”, o alcoolismo é entendido como fraqueza emocional ou psíquica das camadas mais baixas da sociedade, principalmente aquelas que em sua trajetória histórica, sofreram algum tipo de mestiçagem.
A figura de Jeca Tatu nasce para mostrar como o homem mestiço do campo é atrasado se comparado ao civilizado e branco homem urbano. Em um tempo de progresso, as tradições do campo, assim como as remanescentes escrevas ou indígenas, não conseguem espaço, devido ao seu pouco caso com o trabalho e o culto ao ócio e a preguiça.
Não é para pouco que em 2012, a Academia Brasileira de Letras retira o titulo de “herói nacional” do personagem Macunaíma de Mário de Andrade, pois este, símbolo máximo da preguiça e vadiagem, era ainda usado por setores inferiores da educação ligadas ao projeto “Brasil, o país do Samba e do Futebol”. Projeto este que consistia em reafirmar os estereótipos do brasileiro malandro e preguiçoso, com o incentivo a projetos desportivos e musicas nas escolas de base, elucidando os ditos grandes nomes da musica, como Cartola, Vinicius de Moraes, entre outros que como o próprio Mário de Andrade tanto prega, cultuavam o conhecido a famigerado “ócio produtivo”.
Há também na obra de Monteiro Lobato o forte reafirmação com a personagem de Tia Anastácia, a negra que trabalha na cozinha do Sitio do Pica Pau Amarelo. São encontradas a ela referências a animais como urubus, macacos e “feras africanas”.
Estas fazem menção revestida de estereótipos ao negro e ao universo africano, que se repete em vários trechos do livro analisado. Como por exemplo, o lugar físico-social em que a personagem ocupa na casa do Sítio, remetendo a antiga tradição escravocrata de que lugar de negro é na cozinha ou na senzala.
Podem-se encontrar referências ao retardamento nacional devido à mestiçagem até mesmo antes do advento da primeira republica brasileira, como é o caso da pesquisa dos naturalistas Louis e Elizabeth Agassiz ao visitar as populações ribeirinhas do Rio Amazonas em 1865:
“O resultado das ininterruptas alianças entre os que têm sangue mestiço é uma espécie de homens nos quais o tipo puro desapareceu, e com ele todas as boas qualidades físicas e morais das raças primitivas, deixando em seu lugar, um povo abastardado, tão repulsivo como estes cães vira-latas, que provocam o horror dos animais da sua própria espécie, nos quais é impossível descobrir um único individuo que tenha conservado inteligência, a nobreza, a afetividade natural que fazem do cão de tipo puro o companheiro e favorito do homem civilizado” (AGASSIZ, 1975).
Em seu livro, Viagem ao Brasil (1865-1866), Agassiz, refuta as teorias do pesquisador Charles Darwin sobre a miscigenação e melhoria da espécie a partir dos conceitos vigentes de seu período de separação e melhoria da raça branca. “ quem tiver alguma dúvida sobre os males que a mistura de raças pode provocar (...) que vá ao Brasil”
Varias foram às medidas tomadas para que este projeto entrasse em vigor, desde a literatura moralizando infantil de Monteiro Lobato, colocando o negro em seu devido lugar social, até mesmo os projetos urbanos como a reestruturação da zona central do Rio de Janeiro, conhecido hoje por nós através do livro de Aluizio de Azevedo, o Cortiço. Que nada mais retrata do que a promiscuidade e vagabundagem vivida pelas classes baixas daquele período.
Segundo Doris Sommer, não há como separar o erotismo, patriotismo e o entendimento de estado-nação nos romances latino-americanos. “O erotismo faz parte dos costumes latino-americanos” Logo, não havia outra solução para que este país se desenvolvesse e perdesse a marca de preguiçosos que por tantos anos nos perseguiu do que a limpeza racial e social das camadas que atravancavam as engrenagens do progresso e desenvolvimento.
medo desse futuro hipotético! mas bom o texto. só me lembrei do pouco que consegui ler do clássico de Euclides de Cunha, logo compensado por outras leituras mais leves... ai, saudades da vida acadêmica!
ResponderExcluirGostei, boa análise... Essa nação fictícia que me perdoe, Macunaíma continua sendo um herói pra mim!
ResponderExcluirE que nunca chegue esse dia.
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